Após reunião, prefeitura de Caçapava do Sul prepara proposta e pede prorrogação no prazo de demissão de médicos obstetras

Arianne Lima

Após reunião, prefeitura de Caçapava do Sul prepara proposta e pede prorrogação no prazo de demissão de médicos obstetras
Foto: Marcelo Marques (arquivo/Diário) O hospital é referência de maternidade de média complexidade para os municípios de Caçapava do Sul e Lavras do Sul

Novas negociações buscam trazer resolutividade à crise interna na maternidade do Hospital de Caridade Dr. Victor Lang, em Caçapava do Sul. Em entrevista ao Diário, o prefeito do município, Giovani Amestoy da Silva (PDT), informou que está preparando uma proposta e teria pedido prorrogação dos avisos prévios de cinco médicos obstetras que atuam na instituição.

– Já deixamos uma reunião para o início de outubro, daqui a 15 dias, na qual já estaremos com esta formalização da proposta e verificando a possibilidade de aceite. Também solicitamos que o prazo de desligamento seja prorrogado por mais 30 dias, para que tenhamos tempo de resolver toda essa situação – afirma.

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Em negociações anteriores entre o hospital e o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), os funcionários teriam aceitado dar continuidade ao serviço por mais 30 dias, sendo que o prazo de desligamento terminaria na próxima quarta-feira (21).

– O que nós queremos agora é manter esse atendimento para a nossa população. Claro que os profissionais merecem reconhecimento e nós faremos todo o possível para isso – destaca Silva.

Reunião

Na tarde da última quinta-feira (15), o prefeito participou de um encontro com a presença de representantes do Simers, da direção do hospital e da prefeitura de Lavras do Sul, município que também é contemplado pelo serviço. Conforme Silva, a prefeitura estaria negociando com o sindicato, junto a direção do hospital desde julho, quando recebeu o primeiro ofício.

– Já vinhamos tratando e resolvendo outras questões, solicitações e pedidos por parte dos médicos. Buscamos melhorar as condições de atendimento tanto para os profissionais, quanto para os pacientes, no que couber ao município auxiliar. O hospital não é particular, é filantrópico, mas tem um CNPJ privado e que não pertence ao município. Mas, dentro das possibilidades, iremos auxiliá-lo – argumenta o chefe do executivo.

Durante este período, o municipio tem custeado os valores de sobreaviso do médicos obstetras, que é de R$ 42 por hora. Silva alerta que o aviso de profissionais de outros setores do hospital como o cardiológico, o cirúrgico e o pediátrico também estão sendo pagos pela prefeitura. Além disso, ele relata outros pontos abordados na reunião:

– Nós conversamos sobre a questão das horas, que já estão em atraso no pagamento por parte do hospital e que já está sendo colocado em dia. Também sobre a transferência dos pacientes de alto risco e isso é uma atribuição da Secretaria de Saúde do Estado e já está sendo tratado. E também o aumento do valor-hora do sobreaviso, na qual estamos conversando com o município de Lavras do Sul, para que consigamos ter um aporte.

Nos próximos dias, a prefeitura pretende encontrar formas de custear os R$ 80 por hora estipulado pelo sindicato ou pelo menos, um valor aproximado.

Entenda o caso

Após o corpo obstétrico do Hospital de Caridade Dr. Victor Lang ser alvo de apurações do Ministério Público (MP) devido uma série de denúncias sobre violência obstétrica em junho deste ano, o Simers apurou as condições de trabalho dos profissionais.

–Nós fomos espontaneamente procurá-los e chegamos a verificação de que eles recebiam menos de 50% da menor remuneração do Estado. Eles tinham uma má condição de trabalho, vários problemas como falta de insumos e, mesmo assim, estavam lá trabalhando. Esses médicos foram atacados, de certa forma, por aqueles agentes e não tiveram nenhuma defesa. Trabalhando em más condições, com má remuneração e sendo atacados pela comunidade, eles decidiram que não trabalhariam mais naquelas condições e o sindicato fez a defesa – relata o presidente do sindicato, Marcos Rovinski.

Ao Diário, Rovinski afirma que a remuneração dos médicos seria de R$ 30 a R$ 40 por hora trabalhada e em que determinadas situações, os profissionais já teriam trabalhado sem insumos ou sem o auxílio de outros médicos no centro obstétrico. Desde a entrega dos pedidos de demissão dos cinco médicos obstetras ao Hospital de Caridade Dr. Victor Lang, uma série de negociações tem sido realizadas para evitar a descontinuação do serviço de assistência a mães e bebês do município.

Para o presidente do Hospital de Caridade Dr. Victor Lang, Florenço Marcelino Monego Junior, a expectativa é de continuidade dos serviços, a partir das negociações com o Simers, pois o hospital encontra-se empenhado no atendimento às reivindicações dos cinco médicos.

Em uma nota emitida na manhã de quinta-feira (15), a direção se posicionou sobre um texto enviado pelo sindicato aos meios de comunicação. Conforme a insituituição, o “tal texto contém inverdades, que foram esclarecidas verbalmente em reunião “on line” e por escrito através de ofício, a respeito da falta de suporte anestésico e pediátrico e, também, a respeito de falta de insumos”. No documento, a direção do Hospital de Caridade Dr. Victor Lang ressalta que “ainda restam e estão sendo resolvidos os pedidos que não dependem apenas do Hospital e sim do Poder Público”.

Em 2022, 162 partos foram realizados no hospital, que é referência de maternidade de média complexidade para Caçapava do Sul e Lavras do Sul.

Arianne Lima – [email protected]

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